CDHU opta pela utilização do bloco de cimento na construção de casas populares em Panorama e provoca reação do setor oleiro-cerâmico na região

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Construção de casas populares no conjunto habitacional  'Panorama H' (3)
Construção de casas populares no conjunto habitacional ‘Panorama H’

PANORAMA – A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão da Secretaria da Habitação do estado de São Paulo substituirá os convencionais blocos cerâmicos pelo bloco de cimento na construção de 34 unidades habitacionais no conjunto ‘Panorama H’ orçado em R$ 2,3 milhões. A falta de resistência do material cerâmico é a alegação do governo paulista para uso dos blocos de cimento.

Do outro lado, a Cooperativa das Industrias Cerâmicas do Oeste Paulista (Incoesp), pediu ao prefeito do município, Luiz Carlos Henrique, e presidente da Câmara, João Antônio da Silva Neto (Joãozinho Coyote), agendamento de audiência em caráter de urgência com o presidente do CDHU, Milton Dallari, na capital paulista. A demostração da qualidade produtiva do principal pólo industrial oleiro-cerâmico do Estado para atender obras do governo estadual deverá ser a tese defendida pelos ceramistas neste encontro.

De acordo com a Incoesp, a resistência do bloco cerâmico já foi tema de conversas anteriores com a companhia habitacional onde foi contestada as justificativas apresentadas pela CDHU para a não utilização do bloco produzido pelo setor na construção de casas populares, que atendem as especificações exigidas.

Em nota, a assessoria de imprensa do CDHU explicou que “apenas repassa os recursos financeiros à prefeitura, que licita e administra a obra. Portanto, a responsabilidade da aquisição do material de construção é da empresa contratada pela prefeitura”.

Continua a nota: “Cabe esclarecer que não há objeção em utilizar blocos cerâmicos, desde que atendam a resistência exigida pelo projeto. A maior parte das empresas opta pela utilização de bloco de cimento, por ser mais fácil de encontrá-lo no mercado com a resistência necessária”, termina.

A construtora Progresso Panorama Ltda-ME, responsável pela construção das casas populares, contestou a autonomia de compra de materiais comentado pelo órgão habitacional do governo estadual dizendo que a construtora somente executa projeto. “Quem faz a planilha de materiais a serem usados na construção das moradias é o governo do Estado”, disse um dos diretores da construtora, que preferiu preservar sua identidade.

“Quanto preferir usar cerâmica ao invés de cimento, a burocratização para modificar projeto é fator desanimador para qualquer construtora”, relatou um outro construtor da microrregião de Dracena.  

Em 14 de março deste ano durante entrega de unidades habitacionais no Conjunto Derocy Alves Valença, em Panorama, o prefeito Luiz Carlos Henrique da Cunha encaminhou oficio ao presidente do CDHU, Milton Dallari, solicitando a utilização de bloco cerâmico como prioridade na construção de novas unidades habitacionais na região.

“Nossa solicitação de faz necessária, em virtude de que a economia de nossa região gira em torno da indústrias cerâmicas, que se encontram instalados no pólo de Panorama, Paulicéia, Ouro Verde, Santa Mercedes e Presidente Epitácio”, esclareceu o chefe do Poder Executivo municipal no documento assinado por Dallari.

Cunha ressaltou que tanto projeto quanto as especificações para licitação e contratação de casas populares são encaminhadas pela CDHU, e em nenhum momento lhe foi dado oportunidade de fazer alterações.

Segundo estudo divulgado no site da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), o produto cerâmico é superior ao produto de concreto em diversos aspectos, entre eles maior capacidade de isolamento de umidade, maior capacidade de isolamento térmico, menor consumo de água e menor emissão de CO² em sua produção.